A Pergunta “magica” que Resolve Qualquer Problema de Rede!
A Pergunta – Não é “Já Tentou Reiniciar?”
Em uma manhã comum no NOC (Centro de Operações de Rede), um técnico recebe uma ligação de um cliente reclamando que a “internet caiu”. Em vez de investigar a origem do problema, a primeira coisa que o técnico faz? Um bom e velho reboot. Parece familiar? Pois é, o reinício praticamente nunca é útil em uma emergência. Imagine: desligue o cabo da “WAN” do seu modem e reinicie o modem, ou seus dispositivos, até que a internet “volte”… ESPEREEEEEEEE, é brincadeira! Você vai passar o resto da vida reiniciando. Antes, termine de ler este artigo.
Por quê?
A solução “mágica” para qualquer problema de rede não está em adivinhar ou dar um “reboot” no equipamento. Existe uma abordagem infalível, baseada em duas simples palavras: “Por quê?”. E aqui, vamos mergulhar nessa metodologia que é, ao mesmo tempo, surpreendentemente simples e incrivelmente poderosa para administradores de redes.
Apenas o fato de fazer essa simples pergunta já é suficiente para que a imaginação se solte e comece a navegar num mar de possibilidades. Instantaneamente após a pergunta, o cérebro já começa a buscar causas, analisar o cenário, focando nas mais prováveis. e descartando as menos prováveis. Depois de um pouco de experiência, são gerados filtros no subconsciente para aprimorar e agilizar esse raciocínio lógico.
Por que o “Por quê” é o Segredo para Resolver Qualquer Problema de Rede?
Imagine o cenário: um cliente liga e diz que está sem internet. Ao invés de tentar adivinhar o problema ou cair no loop de reiniciar o modem, pergunte a si mesmo: Por que o cliente está sem internet?
Essa simples pergunta é só o começo. Cada resposta leva a uma causa direta e a um novo sintoma do problema, conduzindo ruma a solução. E ate que se chegue a raiz do problema tem sempre umovo “Por quê?”, que vai refinando cada vez mais. Aqui, vamos ver como a sequência de “Por quês” pode ser aplicada para descobrir a causa raiz de problemas, a fim de resolver o real motivo por trás de um defeito.
Exemplo Prático: A “Internet Caiu”
Por que a internet do cliente caiu? Essa pergunta nos leva a imaginar as causas e, após uma rápida análise, descobrimos que o PPPoE desconectou. Ótimo, já temos um ponto, mas não paramos aqui.
Por que o PPPoE desconectou e não autenticou novamente? Novamente, a mente se desprende, gera possibilidades, assim podemos checar as mais prováveis.
Ao investigar, percebemos que a porta PON do cliente na OLT está desconectada.
Por que a porta PON está desconectada e não voltou? Se tem experiência de rede com fibra, já está acostumado, né?
Aqui, identificamos que o sinal RX está em -40 dBm, sugerindo que não há comunicação de retorno.
Por que o sinal RX está tão baixo?
Ao continuar a investigação, descobrimos um rompimento físico a 100 metros, detectado através de um OTDR (Reflectômetro Óptico no Domínio do Tempo).
Resultado:
Em vez de reiniciar o equipamento ou fazer uma adivinhação aleatória, chegamos à causa real do problema: um cabo rompido. Essa é a diferença entre resolver com uma análise real e não com uma adivinhação.
Por que o “Reinicia e Vê” Não Funciona (E Ainda Pode Ser Pior)
Quantas vezes a “solução” padrão é simplesmente reiniciar o roteador, switch ou OLT? Reiniciar pode parecer uma saída rápida, mas ela traz consequências graves para uma equipe de rede que está tentando de fato resolver problemas. Aqui está o que acontece quando o reboot se torna a primeira opção:
- Logs são apagados: Muitas informações úteis, como falhas temporárias, padrões de comportamento anômalos e outros registros que poderiam guiar a investigação, são perdidas. Um bom administrador de rede sabe o quanto os logs são valiosos.
- Perda de tempo e esforço: Mesmo que o problema raramente pareça ter sido resolvido após reiniciar, ele provavelmente voltará, pois o reboot não identifica nem corrige o que causou a falha. Lembre-se de que muitos outros clientes que estavam funcionando normalmente podem ser afetados por essa reinicialização.
- Piora da experiência do cliente: Quando o cliente percebe que, após o reboot, o problema retorna, ele perde confiança na equipe de suporte. É um ciclo frustrante para ambos os lados, principalmente para o provedor de acesso, que fica com a imagem de incompetência generalizada junto aos clientes.
Um exemplo clássico? O cliente reclama de lentidão e o técnico reinicia o roteador. Pode ser que a lentidão até melhore momentaneamente, mas, sem resolver a real causa, como uma interferência de canal, atenuação, saturação, entre várias outras causas, o problema ainda continua. Reiniciar torna-se um curativo temporário e adiará a solução definitiva.
Adivinhações Não Resolvem, Apenas Complicam.
Muitas vezes, técnicos se apressam para chegar a uma conclusão com base em problemas recentes, criando uma “teoria da conspiração” de que o problema atual é o mesmo da última vez. Um bom exemplo é quando um problema de roteamento aparece na rede, causando instabilidade generalizada. Se sintomas parecidos (o cliente ficar sem internet) aparecerem alguns dias depois, alguns técnicos podem pular diretamente para a mesma conclusão, sem realmente investigar. Isso resulta em diagnósticos imprecisos e pode até levar a mudanças desnecessárias na rede, que causam mais problemas do que resolvem.
A metodologia dos “Por quês” impede a adivinhação e força a equipe a seguir uma abordagem fundamentada, que vai eliminando hipóteses até chegar à verdadeira causa. Em resumo, a adivinhação pode facilmente piorar a situação, enquanto o “Por quê” ajuda a encontrar uma solução precisa e eficiente.
A Real Solução Está em Encontrar o Problema Real
Uma rede é complexa, com múltiplas variáveis que podem impactar o desempenho: problemas ambientais, interferências, falhas de hardware e até mesmo interferências externas, como vandalismo. Por isso, o “Por quê” é essencial. Ele nos leva a:
- Identificar todas as causas potenciais e eliminá-las uma a uma.
- Estabelecer uma base para evitar que o problema aconteça novamente.
- Planejar soluções definitivas, não temporárias.
Uma Nova Cultura de Diagnóstico em Redes: Abandone o Adivinha e Adote o “Por Quê”
Se você trabalha com redes de telecomunicações, sabe que a pressão para resolver problemas rapidamente é constante. Porém, a agilidade não deve sacrificar a precisão. Incorporar o “Por quê” ao seu método de diagnóstico é um passo em direção a uma cultura de soluções reais e que normalmente acaba sendo mais rápida do que as tentativas de adivinhar, onde cada pergunta revela um pouco mais do problema e aproxima a equipe de uma solução verdadeira e definitiva. Reiniciar, adivinhar e começar a fuçar na rede e nas suas configurações nunca é a solução, mas sim a causa de mais problemas.
Resumo: O Poder dos “Por Quês”
- Identifique a causa real: Cada “Por quê” leva você mais perto da raiz do problema.
- Evite adivinhações: Sem dados concretos, evite conclusões precipitadas e nunca mude configurações com a desculpa de ser um teste.
- Diga adeus ao botão de reiniciar: Valorize os logs e a análise.
- Planeje para o futuro: Cada “Por quê” também traz ideias para prevenção.
Adotar a técnica dos “Por quês” transforma a maneira de resolver problemas de redes. Afinal, quem diria que uma pequena pergunta poderia revolucionar o jeito de pensar em telecomunicações? E o mais importante: essa mudança de mentalidade é o que diferencia quem resolve de quem só adia o problema.
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A Pergunta “magica” que Resolve Qualquer Problema de Rede!
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